Enedina Marques
Primeira engenheira negra do Brasil
Enedina, também conhecida como Dindinha, nasceu em 1913 na cidade de Curitiba, três anos após sua família se mudar para o local. Seus pais se separaram quando ela ainda era criança e sua mãe que trabalhava como lavadeira, para o sustento da família, conseguiu um emprego na casa do então delegado e major Domingos Nascimento.
Enedina teve seus estudos pagos pelo patrão de sua mãe para que fizesse companhia para a filha deles que tinha a mesma idade que ela. Enedina foi alfabetizada por volta dos 12 anos na escola particular da professora Luiza Netto Correia de Freitas e realizou o exame de proficiência concluindo o curso primário no grupo escolar anexo à Escola Normal. Durante toda essa fase da sua formação, Enedina trabalhou como criada de servir e de babá para a família Nascimento.
Em 1938 ela começou a fazer o curso complementar em pré-engenharia no Ginásio Paranaense. Nessa época, dividia o tempo entre os estudos, o trabalho como professora e também com serviços domésticos na residência da família Caron. Dois anos depois ela ingressou na faculdade de engenharia da Universidade Federal do Paraná, onde se formou em 1945, se tornando a primeira mulher negra engenheira com esse título.
Desde a faculdade, Enedina enfrentava o machismo, o preconceito e os desafios de sua época. Junto com ela se formaram outros 32 alunos, todos homens e brancos. Após sua formatura, se tornou auxiliar de engenharia na Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas do Paraná, assumindo cargos de chefia e atuando em diversos projetos importantes. Em seu ambiente de trabalho, Enedina continuou lutando contra preconceitos e precisava se impor para ser respeitada, visto que trabalhava em um ambiente ocupado majoritariamente por homens. Algumas histórias contam que ela, apesar de ser vaidosa em sua vida pessoal, durante a obra na Usina Capivari-Cachoeira, ficou conhecida por usar macacão e portar uma arma na cintura. Que usava, atirando para o alto sempre quando fosse necessário. Enérgica e rigorosa, impunha-se sempre.
Em 1981, aos 68 anos, ela foi encontrada morta em seu apartamento após sofrer um infarto.
Mesmo após a morte, Enedina ainda sofreu com o preconceito. Ao anunciar seu falecimento, um jornal local se referiu a ela com uma idosa excêntrica, ignorando todo o seu trabalho e sua importância para a história do país.
Saiba mais em:
https://www.palmares.gov.br/?p=44290 do Brasil – Fundação Cultural Palmares