Neiva Guedes
A guardiã das Araras-azuis
Atualmente o Pantanal é a maior área úmida continental do planeta, abrigando inúmeras espécies que sofrem com o avanço das fronteiras agrícolas e com as queimadas. E é neste cenário de degradação ambiental que a Bióloga Neiva Guedes luta pela preservação das araras azuis. Neiva Guedes quis fazer faculdade de medicina, mas, para ajudar em casa, precisou estudar biologia à noite “perdi o meu pai de repente, 40 dias antes da prova (de medicina), e minha mãe estava grávida. Isso me desestabilizou muito e não passei, mas também não tive tempo de ficar sofrendo já que meu pai era o provedor da minha família e eu tive que ajudar em casa. No final desse próximo ano, o único curso que eu conseguiria fazer era biologia – as aulas eram à noite e eu poderia trabalhar durante o dia.”
Sorte das araras, do Pantanal e da conservação no Brasil. Neiva criou o projeto Arara-azul em 1990, e seus estudos pioneiros são exaltados por acadêmicos de todo o planeta. No entanto, a fama de Neiva ultrapassa o ambiente da comunidade científica. Durante quase dez anos, desde o início do projeto, a presença constante de uma mulher acompanhada de apenas um ajudante marcou a reputação de Neiva no Pantanal. No fim dos anos 1990, quando começou a pesquisa in loco, indo a cavalo, de carro ou de carona a lugares que nem sempre tinham estrada marcada, ela começou a ser reconhecida como “a mulher das araras”. Isso muito antes da internet. Os anos passados em campo, escalando árvores, deram a ela a confiança de todos os pantaneiros, desde peões até grandes proprietários de fazendas.
Por este trabalho foi reconhecida pela ONU como uma das principais cientistas do mundo. Com a produção de ninhos artificiais, manejo de ovos e filhotes, garantiu envolvimento da população e divulgou a importância de manter as araras livres na natureza. Elas são consideradas espécie-chave na conservação dos ambientes e “engenheiras ambientais”, pois os buracos que fazem nos troncos das árvores servem de ninhos e abrigo para mais de 25 espécies. Desta forma, conseguiu que esses animais voltassem a ser comuns em várias regiões do Pantanal e do Estado.
“Eu sempre estive muito próxima da comunidade. Sempre acreditei que para trabalhar com conservação era necessário trabalhar junto com os proprietários”, diz Neiva.
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